Newsletter/ Airfryer: a solução mágica (e saudável) para os fritos? (2023)

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Newsletter/ Airfryer: a solução mágica (e saudável) para os fritos? (2)
Exclusivo assinantes quarta, 24 mai. 2023

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Mariana Chaves
Autora de Newsletter

Não é indispensável, porque depende da utilização que se quer dar, mas vamos perceber melhor os prós e contras.

A airfryer é considerada uma fritadeira sem óleo. Podemos dizer que é um híbrido: funciona com ar quente como o forno e precisa de muito pouca gordura (muito menos do que uma fritadeira). Tem uma gaveta com um cesto que permite ao ar circular à volta do alimento e assim torná-lo crocante, quase como numa fritadeira, usando 50 vezes menos gordura – apenas uma colher de sopa, com cerca de 15ml, sendo que uma fritadeira pequena no mínimo leva 750ml de óleo. É também uma confeção muito rápida – quando comparado com o forno, é pelo menos metade do tempo, por vezes até menos de metade –, o que é muito aliciante para os dias sem tempo que vivemos nesta sociedade moderna.

O segundo benefício é claro: o produto final terá muito menos gordura e, portanto, menos calorias, para além de menos perdas nutricionais na confeção da carne, como se viu neste estudo. Logo, fritar na airfryer é mais saudável do que fazê-lo numa fritadeira convencional. Este benefício aplica-se principalmente a quem consome com regularidade batatas fritas, panados e outros fritos. Quem nunca os consome está a abrir uma “porta” para um hábito que não é obrigatoriamente saudável. Porque depende bastante do alimento que estamos a preparar: não é por se colocar um croquete pré-frito na airfryer, apenas com uma colher de azeite, que passa a ser saudável.

Um ponto não tão positivo será: cozinhar a altas temperaturas e não húmidas faz produzir compostos de glicação, ou seja, substâncias a que damos o nome de AGEs – produtos de glicação avançada. Estes AGEs estão associados a inflamação, stresse oxidativo e celulite e intensificam o risco de se descontrolar a glicemia; além disso, estes AGEs dão também a cor escurecida e o tostadinho aos alimentos, sendo assim fácil de identificar. Até porque, quanto mais tempo de exposição, maior será a quantidade destes compostos. São consequência de uma reação que dá pelo nome de reação de Maillard, ou seja, uma reação natural que acontece entre aminoácidos (unidade base das proteínas) e açúcares (unidade base dos hidratos de carbono) quando estes compostos são expostos a altas temperaturas.

Então e se quiséssemos ter uma alimentação mais saudável e retirar todos os alimentos que contêm estes AGEs, isso teria impacto na nossa saúde? Ensaios clínicos obtiveram benefícios com a restrição de produtos de reação de Maillard na dieta, tanto em pacientes com diabetes tipo 2 como em indivíduos saudáveis. Esses ensaios permitiram observar a diminuição do stress oxidativo, a diminuição de marcadores inflamatórios e a melhoria de marcadores de resistência à insulina e de disfunção vascular.

Outro ponto menos positivo da airfyer será a produção de acrilamida, uma substância cancerígena que se forma também por reação de Maillardquando cozinhamosalimentos ricos em carboidratos a altas temperaturas (acima de 120ºC).

Quanto mais escuro, maior a quantidade de acrilamida. Estas altas temperaturas tanto podem ser de fritar como de grelhar ou assar, mas fritar é o que produz a maior quantidade. Acontece, por exemplo, com as batatas. E se cozermos as batatas? Sabemos, baseado nos estudos da FDA , que cozer batatas com casca no micro-ondas, por exemplo, não produz acrilamida. Ou seja, batata cozida ou puré de batata será melhor do que batatas fritas, sendo acompanhamentos relativamente calóricos e desejados por muitos.

A acrilamida não é exclusivo das preparações caseiras. As bolachas, cereais de pequeno e outros alimentos processados também têm, sendo que o produto alimentar que tem em maior quantidade são as batatas fritas de pacote.

Então e vamos ficar todos intoxicados? O nosso corpo tem uma forma para eliminar estas substâncias através de mecanismos que envolvem antioxidantes e reações enzimáticas (por isso é tão importante comer alimentos saudáveis ricos em antioxidantes), mas, se comermos demasiadas substâncias destas, o corpo acumula, levando ao stress oxidativo e à inflamação, que são a base da maioria das doenças crónicas.

Acontece que estes compostos estão associados a imensas doenças crónicas, como as cardiovasculares, renais, diabetes, osteoporose, artrite, Alzheimer, entre outras. E também, em termos práticos, ao envelhecimento da pele e aparecimento de celulite.

Os AGEs fixam-se às fibras de colágeno e elastina, tornando-as mais rígidas, ou seja, com menos elasticidade, o que leva ao aparecimento de celulite, antecipa o envelhecimento da pele, favorece a formação de rugas e linhas de expressão e estimula a flacidez.

Mas será que a acrilamida que se forma na airfryer é em igual quantidade à que se forma na fritadeira comum? Não. Em comparação com a fritura (a 180°C durante seis minutos), a airfryer diminuiu o teor de acrilamida em 47%. Além disso, os resultados da digestão in vitro sugeriram que airfryer resultou em níveis mais elevados de amido de digestão lenta (48,54% – 58,42%) em comparação com os da fritura, o que pode contribuir para níveis mais equilibrados de açúcar no sangue após o consumo. Com base nesses resultados, concluiu-se que a airfryer pode reduzir a formação de perigos alimentares e é relativamente mais saudável do que a fritura convencional em termos calóricos, de preservação de nutrientes e de glicémia final da refeição.

Mas, ainda assim, haverá alguma coisa que se pode fazer para prevenir a formação de compostos tóxicos como AGEs e acrilamida? A marinada, muito conhecida por nós, portugueses, e por todos os países que tradicionalmente têm uma alimentação mediterrânica, reduz a formação de compostos de glicação. Trata-se de uma técnica culinária na qual se deixa de molho o alimento (usamos muito com a carne, mas também com tofu e vegetais) em soluções ácidas, como sumo de limão, vinagre, vinho ou sumo de outras frutas, como laranja ou toranja. O tempo de marinada tem muito impacto na redução da quantidade de AGEs: uma hora de marinada pode reduzir estes compostos até metade.

São vários os componentes destas soluções que permitem este efeito, entre os compostos fenólicos do vinho, a vitamina C do sumo de limão ou outras frutas. E esse resultado ainda pode ser exponenciado juntando alho à nossa marinada, que, ao fermentar na solução ácida, vai potenciar o efeito antioxidante do seu principal composto bioativo —alicina. Para além de atuar na prevenção da nossa saúde, ao reduzir a produção de AGEs, este preparado dará muito sabor sem adicionar sal, o que será uma mais valia nutricional.

E ainda pode demolhar os palitos de batata em água (fria ou quente) e depois secar bem antes de colocar na airfryer. Com isso consegue reduzir a quantidade de acrilamida em valores muito variáveis, mas muito significativos — como diz este estudo.

Verdadeiro ou falso? Não se deve aquecer comida em recipientes de plástico.

Verdadeiro. Muitos plásticos, principalmente macios e maleáveis, contêm bisfenol A (mais conhecido por BPA) ou ftalatos, que são comprovados disruptores endócrinos, ou seja, alteram as nossas hormonas provocando um risco aumentado de doenças graves. Os ftalatos, por exemplo, quando o plástico é aquecido, quebram-se e há risco de penetrarem no alimento, sendo posteriormente ingeridos. A solução melhor será sempre aquecer os alimentos em vidro ou mesmo no prato de loiça.

Uma pergunta frequente nas consultas: em casos de sensação de enfartamento e digestões muito prolongadas, o que se deve fazer?

Nestes casos, é muito importante respeitarmos todo o processo de digestão de forma a não sobrecarregar o nosso sistema digestivo, especialmente no que toca à libertação das enzimas digestivas. Algumas regras possíveis são:

  • Mastigar muito bem cada garfada (idealmente, 10 a 20 mastigações). Costumo dizer que o estômago não tem dentes, mas mastigar bem não é necessário apenas para o alimento ir bastante triturado para o estômago — é necessário, principalmente, porque a mastigação vai promover a libertação da primeira enzima digestiva, logo na nossa boca (amilase salivar), que é responsável pela digestão dos amidos, um tipo de hidratos de carbono.
  • Comer quantidades mais pequenas. Se a digestão está mais lenta, é possível que a produção de enzimas não seja proporcional à quantidade de alimento. Ou seja, está a comer a mais para o que produz e a solução deverá ser comer porções menores. Só em último caso deve recorrer a suplementos com enzimas.
  • Não beber muitos líquidos à refeição (no máximo, um copo médio). O pH que ativa a enzima que digere as proteínas é um pH ácido, que costuma existir no nosso estômago. No entanto, se adicionarmos muitos líquidos, como água, a uma solução ácida, esta diminui a acidez — e isso, neste caso, pode inativar as enzimas. Deixe a quantidade de água para, se se sentir enfartado, poder tomar uma água com gás ou um chá morno, que facilita o esvaziamento gástrico.

Uma sugestão de livro de receitas: Como não morrer – o livro de receitas

Michael Greger, médico e uma referência na área da nutrição, escreveu o livro Como não morrer (que foi um êxito) e acrescentou este livro de receitas, que põe em prática todos os seus conselhos sobre alimentação. Juntou-se a este autor o chef vegetariano Robin Robertson, e juntos criaram receitas muito atuais que vão desde taças de cereais, patês com feijão frade, burritos com feijão preto e vegetais, couve flor no forno com molho de limão, argolas de cebola panadas, batidos de vegetais ou de frutas e pudins. Ensinam a usar couve portuguesa, acelgas, miso, levedura nutricional, tahini, farinha de grão e muitos mais ingredientes saudáveis que podem ser difíceis de implementar regularmente na alimentação. Não se assuste se não reconheceu alguns dos ingredientes, porque o encanto deste livro é que, ao mesmo tempo que podem ter alguns ingredientes fora do convencional, as receitas usam todos os vegetais, especiarias e leguminosas que conhecemos e de forma prática, como, por exemplo, polpa de tomate e lata de feijão, sendo por isso um livro para todos.

Gostou desta newsletter? Tem dúvidas sobre alimentação ou quer fazer alguma pergunta que gostaria de ver esclarecida numa próxima edição? Escreva-me para marianachaves@observador.pt. Pode subscrever a newsletter “Posso Comer?”aqui. E, para garantir que não perde nenhuma, pode assinar já o Observador aqui.

Mariana Chaves é nutricionista clínica, autora do podcastAprender a Comer, na Rádio Observador, e do livro Dieta Única (ed. Guerra e Paz, 2016)[ver o perfil completo].

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Author: Msgr. Refugio Daniel

Last Updated: 11/05/2023

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